Higienização na cidade, travestida
de projeto
urbanista, e climatização nas igrejas. A triste saga dos filhos e filhas
de Deus.
Varridos
como sujeira, lixo-humano dos espaços públicos porque insistem em
atrapalhar a dinâmica da vida moderna, nitidamente marcada pela dialética
imagem e consumo, manchado-a com sua “feiúra”, “fedor” e miséria.
Sutilmente, "excomungados" dos espaços sagrados por não ser um
bom negócio. Essa é a triste realidade de muitas crianças, adolescentes, jovens
e idosos que a semelhança de Jesus de Nazaré, "não tem onde reclinar a
cabeça". Contudo, assistimos meio que indiferentes a essa vergonhosas
realidade. Como se fossemos vencidos, convencidos da naturalização da miséria,
da desigualdade...
Ou mudamos
nossa concepção de igreja ou ela continuará não fazendo o menor sentido
como projeto do Reino de Deus. Continuaremos indiferentes as necessidades
fundamentais e estruturais de nossa gente. Transformados em
"Mercados da fé", verdadeiros shoppings para atrair um público
com perfil cada vez mais próximo ao de consumidor, dos vários artigos da fé,
que de profetas e profetisas, que denunciam as injustiças e a triste
realidade de miséria, fome, dor, violência... de nosso povo, o espaço sagrado
tem sido vergonhosamente profanado por falsos profetas, empresários,
mercenários da fé. E chega de tentarmos encobrir tamanha vergonha e
podridão, maquiando-a ora com ações assistencialistas, paternalistas,
lamentavelmente, ainda regra geral entre nós, ora com pseudos
projetos sociais que mais dão visibilidades aos interesses da igreja e de
seus representantes que visam a transformação radical de uma determinada
realidade social marcada pela opressão e exclusão.
"Que caiam as muralhas que
separam o povo de
Deus do povo de Deus. Ainda que estas sejam nossos templos e catedrais..."
Elizeu Espíndola